30 de janeiro de 2013

TSA é apresentado à Associação de moradores do bairro Py Crespo

Em reunião na noite de ontem, 29, o Trabalho Técnico Socioambiental esteve com a ONG AMIZ no bairro Py Crespo, apresentando sua proposta de trabalho. No encontro, em que estiveram presentes os membros da direção da Associação Comunitária de Educação Popular e Assistência Social do bairro Py Crespo - ACEPAS -, foram apresentados os eixos de trabalho do TSA, as propostas de atuação junto à comunidade e a intervenção do Coletor Geral (CG3).
A Associação do bairro Py Crespo surgiu através da luta por melhorias no bairro no final dos anos 80. Um dos objetivos firmados entre TSA e ACEPAS é reorganizar a comunidade e fortalecer o espírito comunitário.
Na manhã de hoje a ONG AMIZ dará início à mobilização social, a fim de convidar os moradores para uma reunião geral, que acontecerá na próxima quarta-feira, dia 6/02, na sede da ACEPAS, localizada na rua Marquês de Olinda, nº 299. Esta reunião terá por objetivo apresentar o TSA à comunidade e iniciar as ações de educação ambiental no bairro Py Crespo.

29 de janeiro de 2013

Últimas atividades do TSA

O Coletivo Educador, na última quarta-feira (23), se reuniu no TSA para discutir as novas propostas de ação. Com o término da mobilização realizada pela ONG AMIZ, no bairro Santa Terezinha, novas representações e diferentes pessoas foram identificadas para participar da causa pela melhora na qualidade de vida na cidade.
Sendo assim, na próxima quinta-feira será realizada uma reunião com a Comissão de Acompanhamento de Obras já formada na rua Santo Antônio a fim de discutir a proposta, com os membros da comissão, sobre as reuniões semanais serem realizadas na Associação de Moradores do bairro Stª Terezinha, localizada na rua São Jorge.
As reuniões referentes às demandas mais pontuais da rua Santo Antônio, trecho que sofreu intervenções da obra, continuarão acontecendo no Terezinha Futebol Clube. A ideia do TSA é realizar os encontros na Associação de Bairro a fim de cumprir com um dos eixos de trabalho do projeto socioambiental: o fortalecimento da organização comunitária. As reuniões que acontecerão na Associação terão por objetivo pensar no bairro como um todo, a fim de agregar pessoas de outras ruas do bairro e desenvolver trabalhos voltados à educação ambiental.

Nova frente de obras
Ontem pela manhã, 28, o TSA esteve presente na reunião de planejamento das novas ações da parceira ONG AMIZ. O encontro, realizado do CDD do bairro Dunas, definiu estratégias para a mobilização do bairro Py Crespo, onde se encontra localizada a nova frente de obras do CG3. O primeiro contato com a comunidade será através da Associação de Moradores do bairro, localizada na rua Marquês de Olinda. Além da reunião, a equipe do TSA acompanhou, também, as últimas ações de mobilização social no bairro Santa Terezinha.
Últimas ações de mapeamento do bairro Stª Terezinha

24 de janeiro de 2013

Plantão Socioambiental

A equipe do TSA, na manhã de hoje, realizou mais um Plantão Socioambiental na obra do CG3. A atual frente de trabalho da obra, que percorrerá o trajeto localizado entre a rua Leopoldo Brod e a avenida Francisco Caruccio, encontra-se localizada na rua Bezerra de Menezes, bairro Santa Terezinha.


Trecho atual de obras do CG3.

Segundo o responsável pela execução da obra, até a próxima sexta-feira esta etapa, de instalação dos tubos do CG3, deverá ser concluída. As próximas frentes serão na rua Francisco Caruccio.

O Plantão socioambiental é uma ação de trabalho do TSA que tem por objetivo informar a população sobre os aspectos socioambientais que envolvem a implantação do empreendimento, prestando esclarecimentos a respeito do projeto e buscando alternativas, junto à população e a empresa executora, que possam minimizar os transtornos causados pela obra.

Mapa da localização da atual frente de obras, entre as ruas Bezerra de Menezes e Darcy Cazarré.

17 de janeiro de 2013

Atividades da semana

Coletivo Educador
Na manhã de quarta-feira, 16, o Coletivo Educador esteve reunido na sede do TSA para mais um encontro de planejamento de ações. Na reunião, na qual foram avaliadas as últimas atividades - primeira oficina do Jornaleco, saída de campo com a oficina Ourum e a mobilização social no bairro Santa Terezinha desenvolvida pela parceira AMIZ - o Coletivo Educador ouviu o relato das técnicas da fiscalização de obras do CG3, Daiane Milech e Denise Nickel, sobre o andamento das obras. Além disso, foram discutidas novas propostas de ação conjunta com a Secretaria de Qualidade Ambiental de Pelotas, representada pelo secretário Neiff Satte Alam.
Durante a reunião o biólogo do TSA, Emerson Carlotto, apresentou o Trabalho Técnico Socioambiental ao novo secretário e as atividades que já estão sendo executadas no bairro Santa Terezinha - trecho atual de obras do CG3 (Coletor Geral). A ideia de Neiff é integrar as ações da SQA e do TSA para que não sejam executadas as mesmas atividades por dois departamentos que pertencem a mesma prefeitura.


Novas parcerias para o TSA
Na tarde de ontem, 17, o Trabalho Socioambiental estabeleceu mais uma parceria para desenvolver suas ações de trabalho. Em reunião com a equipe de Combate à Dengue da Gerência de Vigilância Ambiental, Emerson Carlotto apresentou a proposta de trabalho do TSA à Carla Chalá, coordenadora da equipe, e aos biólogos Alexandre Noguez Bastos e Marco César Noguez Bastos. Devido a proximidade nos objetivos do TSA e da Vigilância Ambiental - proporcionar a melhoria na qualidade de vida da população - ficou estabelecida a realização de ações conjuntas. Nas próximas semanas serão definidas as atividades que serão desenvolvidas a partir desta nova parceria.



Reunião com a Comissão de Acompanhamento de Obras da rua Santo Antônio
Ontem à noite, 17, a equipe de trabalho do TSA recomeçou as reuniões com a Comissão de Acompanhamento de Obras da rua Santo Antonio - bairro Santa Terezinha. Estiveram presentes os membros da Comissão, o engenheiro responsável da construtora Sanenco, Maicon Rizzon e o vereador Marcos Ferreira (Marcola).
A pauta da reunião foi a repavimentação da rua Santo Antônio, que teve seu asfalto danificado devido às intervenções da obra do CG3. Na oportunidade, Maicon explicou como se dará o processo de reconstrução da rua e estabeleceu prazos para sua conclusão.

14 de janeiro de 2013

Através do contato com a natureza, o TSA dá início aos seus primeiros projetos


O Trabalho Técnico Socioambiental do Sanep realizou na semana passada algumas das atividades previstas no plano de trabalho. Com o intuito de propiciar uma comunicação educativa, que contemple a proposta do plano de comunicação do Socioambiental, o TSA iniciou na última terça-feira um projeto que tem por objetivo incentivar a criticidade nas crianças. A partir de vídeos com a temática ambiental, produzidos por crianças do bairro Santa Terezinha, o projeto Jornaleco na Trilha da Sanga trará o conhecimento acerca da construção de um produto audiovisual e a consciência de que a realidade transmitida pela mídia é fruto de um processo de escolhas.


A primeira oficina do Jornaleco, ministrada pela educadora ambiental Krischna Duarte, ocorreu na última terça-feira, 8. As crianças, dividas em dois grupos de acordo com a faixa etária, conheceram os equipamentos que serão utilizados para a produção dos vídeos - câmera filmadora, microfone, tripé etc. Além disso, as crianças foram levadas até a sanga do bairro Três Vendas - uma das prioridades de ação do TSA - para analisar a situação do curso natural de água, que hoje sofre devido ao grande volume de lixo que é depositado. As oficinas ocorrerão nas terças-feiras, com início às 9h e às 13h15min.






A segunda proposta, ocorrida na sexta-feira, 11, foi a oficina Ourum - o contador de histórias. Num dia inteiro de atividades, o agricultor, músico e contador Marco Gottinari, levou até as crianças as histórias do personagem Ourum.
Durante a manhã a oficina aconteceu na comunidade do bairro, com saídas até a sanga e a praça Castro Alves, localizada na rua Santa Cecília. Após o almoço a oficina seguiu rumo ao Templo das Águas - propriedade de Marco, localizada no 8º distrito de Pelotas. No Templo, além de ressaltar a importância de hábitos de alimentação saudável e cuidado com o ambiente, Gottinari proporcionou às crianças o contato com a natureza através da realização de trilhas e banhos de cachoeira. No encerramento Marco contou histórias e cantou junto com os visitantes.







10 de janeiro de 2013

Ourum contará suas histórias no TSA



Agricultor, músico e contador: três características da versatilidade de Marco Gottinari que, desde que optou pela agricultura natural em 2004, despertou para o encanto e admiração de Pelotas e região. Marco cresceu rodeado de natureza no Templo das Águas, propriedade da família Gottinari localizada na Colônia São Manoel, 8º distrito de Pelotas. Em 2004, após um incêndio em parte da casa, Marco, que até então utilizava as práticas convencionais de agricultura, optou pela agroecologia e pela permacultura, deixando de utilizar agrotóxicos e maquinários em sua produção. A partir daí diversas mudanças começaram a ocorrer na rotina dos Gottinari. A alimentação natural e a música passaram a reger a propriedade que conta também com um trabalho de educação ambiental voltado ao público infantil, no qual o personagem Ourum conta as mágicas histórias que conhece em seu mundo paralelo. Em entrevista ao TSA, Marco Gottinari contou um pouco sobre esse personagem e sobre a vida que leva no Templo das Águas.

TSA - Após o incêndio os hábitos da família foram modificados. O que te fez mudar?
MARCO - O desejo de não voltar a fazer aquilo que não estava me satisfazendo, e que eu fazia mais pela subsistência, pela grana. E aí como queimou tudo eu tive a oportunidade de uma escolha. Partindo do zero eu pude escolher por onde queria andar e então eu deixei mesmo na mão do universo. Foi quando comecei a compor. Foram dois incêndios: na propriedade e em nossas vidas.

TSA - O que mais mudou da agricultura convencional para a agroecologia/agricultura natural?
MARCO - A vida. Criou um ambiente onde as pessoas percebem, mesmo as mais imperceptíveis, que há algo a mais a ser buscado. Por isso que o nosso turismo criou a regra de não beber álcool, não fumar cigarro... para que as pessoas possam estar mais com a natureza e o mais livre possível, sem trazer seus hábitos. É um turismo que, até então, eu não sei se existe em Pelotas.

TSA - Quando surgiu a música na tua vida?
MARCO - Primeiro eu comecei a compor (depois do incêndio) e depois tocava para alguns amigos. Quem me impulsionou a participar do projeto 277 do Teatro Sete de Abril foi o Jacaré, o percussionista do primeiro disco. Ele disse que era um baita som e que era para eu mandar a música para Pelotas. E aí mandamos. A reação foi: “O Marco, um cara da colônia... olha só o que ele está trazendo para nós”. Foi muito legal isso, ver a reação de quem estava ouvindo o trabalho pela primeira vez.

TSA - Marco, a tua inspiração é o Templo das Águas?
MARCO - Sabe, essa ligação eu não consigo perceber, embora eu seja isso aqui e viva essa realidade. Mas a música, sempre me parece que ela está num outro plano e que passa por aqui porque aqui tem um canal de recepção. Porque eu estou receptivo pra essa melodia, essa música, essa letra. E eu percebo assim... ela nunca saiu ali da cachoeira, eu nunca compus na cachoeira. Componho aqui na rua ou dentro de casa, mas a cachoeira é a minha vida, faz parte de mim, está dentro de mim. Eu percebo que a musica está num outro plano, por isso que meu próximo trabalho vai se chamar Mundo Paralelo, porque eu quero conhecer mais disso e mostrar a forma como eu trabalho na composição. A inspiração não é a natureza, não é a cachoeira, não é o mato. Parece que ela está num outro plano e esse local é a antena que capta, e eu sou parte da antena que registra e que passa adiante.
Templo das Águas: “Que todo lugar seja um templo em que possamos viver e amar profundamente”
TSA - Quando iniciaste o trabalho com crianças?
MARCO - Em 2007/2008, por aí, iniciei aqui no Templo das Águas. Desde quando nasceram meus filhos, toda noite eu contava três histórias para eles. Era uma cobrança deles pequenos. Eu contava três histórias em cima de um título que eles inventavam ou que eu sugeria. E eu lembro que muitas vezes acabava dormindo, porque eu trabalhava com agricultura convencional e ela é bem sugadora, e muitas vezes eles dormiam e eu continuava contando para saber o final da história. Então fui percebendo isso, que no momento em que tinha alguém querendo ouvir eu tinha facilidade de improvisar. Aí surgiu o Ourum o contador de historias.

TSA - Qual é o objetivo desse trabalho?
MARCO - A nossa proposta é mostrar para a criança como era a criança de 20 anos atrás, que improvisava seus brinquedos, que interagia mais com o mato... principalmente a criança do campo. E muitas dessas coisas foram se perdendo, uma delas, por exemplo, é comer coquinho. Acho que é muito significativo quando a gente pergunta para mãe ou para o pai se já comeram coquinho e eles dizem que sim, mas nunca contaram para os filhos ou deram para eles experimentarem. Então a partir dessas informações é que a gente pensou que precisa clarear isso para as crianças. Elas precisam ser crianças um pouco, porque o computador não vai deixar com que elas sejam de verdade.

TSA - Quem é o Ourum?
MARCO - O Ourum existe por toda a parte. É um ser que são milhares mas, ao mesmo tempo é um só, tipo nós. Então, por exemplo, aqui tem um Ourum registrando esse momento. Cada um de nós tem um Ourum que vai nos acompanhar para contar a nossa história num grande concílio, onde todos os Ouruns se reúnem para contar a história do mundo. Só que o Ourum não pode interferir jamais numa história pra não mudar o seu curso. E o Ourum que eu interpreto interferiu, meio sem querer, então ele é julgado no mundo paralelo dos Ouruns e ele é mandado para o planeta Terra para esperar, como um exílio, até terminar o julgamento. Isso é uma peça de teatro. É o momento em que ele vem para o mundo, onde as histórias não têm mais valor, e precisa contar essas histórias. Então a ideia é levar ele num teatro, exatamente onde tem pessoas querendo ouvir a história. O exílio dele aqui na Terra vai ser contando essas histórias. Esse é o panorama do Ourum, mas eu não conto isso. O que eu conto são as histórias que os Ouruns viveram porque, como é um concílio, uns contam histórias para os outros, então todos conhecem a história do mundo. Por isso é que tem muitas histórias, sempre surge alguma mesmo que eu não saiba o que vou contar. Até agora funcionou sempre muito bem.

TSA - Como ele surgiu?
MARCO - Surgiu numa das histórias que eu contava para meus filhos como um personagem que usava-me para contar histórias novas, não histórias já contadas. Desde então eu comecei a usar o Ourum nos shows também (Feira do Livro, Fenadoce), quando o pessoal fica muito disperso. Chamando as crianças se consegue conquistar o público adulto também. E aí eu achei que seria uma boa carta na manga para os shows. Mas o meu sonho mesmo, o meu desejo, é que eu consiga levar ele mais para as crianças em forma de espetáculo, com magia, com luz, com elementos da natureza, bastante coisa. Para ativar mais essa magia.


TSA - Porque desenvolver essa atividade através das crianças?
MARCO - Primeiro porque elas são as mais receptivas e são quem pode mudar esse sistema. São as transformadoras do mundo. Tem que preparar elas porque esse sistema está mostrando uma face muito comercial e eu percebo que o Ourum vai mostrar esse outro lado... o lado natural, onde se pode buscar informações em outros planos que não na televisão e no computador. É o fato de manter a magia. Eu acho um personagem bem interessante para utilizar e, não foi intenção minha, foi uma coisa que aconteceu ao longo do tempo. Tu cria um brilho especial para as crianças, um olhar de que não está tudo acabado. E ninguém fala em computador, você pergunta se eles querem computador ou ouvir histórias e eles vão dizer que é ouvir história. Tu pega eles por um lado que eles não esquecem, um lado muito pulsante na criança que é a fantasia, o ser criança. E então o Ourum é pra isso, para ativar esse lado, para dar um impulso para eles trabalharem.

TSA - Como é a participação das crianças na oficina?
MARCO - Elas acabam interferindo muito. Mas sempre é muito positivo, porque, como tudo é improviso, a gente nunca vai saber o que vem. Um dia aqui tinha um menino bem pequeninho que veio com a mãe, os outros eram adolescentes, e ele interagiu o tempo todo. Eu até subi em cima da mesa porque ele entrou embaixo e aí ele queria subir na mesa... sei que ele acabou virando um personagem da história. Então isso acontece muito com improviso, mas dentro da oficina as crianças tem uma participação para resgatar um pouco da ancestralidade. Até certo ponto né, se não vira uma bagunça, se não conquistar eles vira uma bagunça. A história tem que conquistar. E é isso aí, tem funcionado. E não tem como não funcionar porque a própria interferência deles cria outro rumo para história e aí é uma novidade, é algo que eu nem estava percebendo e passei a perceber. De repente o próprio Ourum usa a criança para interferir, exatamente para dar outro rumo, pra eu entrar mais no ritmo deles.

TSA - Qual é a metodologia de funcionamento das oficinas?
MARCO - A oficina se caracteriza assim: eu conto um pouco da história da alimentação sem veneno e onde a gente pode chegar e o que a gente pode experimentar. Mostrar isso para eles... que não pode sair experimentando tudo, mas que a maioria se come. Fazer eles perceberem esses novos paladares. Principalmente nesses lugares como o da oficina que vamos realizar, poderia ter uns araçás, umas amoras... frutas que as pessoas comeriam. Isso é uma preocupação minha, as crianças não podem deixar de comer as frutas nativas. Elas acabam comendo a maçã, o pêssego... que tem veneno. Quando poderia comer o butiá, o araçá, que não tem. Mesmo que o ambiente da cidade seja um pouquinho mais poluído, a fruta vai ser melhor do que o pêssego, por exemplo, que tem agrotóxico.

TSA - Já pensaste em mudar para a cidade?
MARCO - Ah, hoje não. Quando eu estava na agricultura convencional eu queria sair porque eu me sentia muito escravizado. Eu produzia com veneno e não era feliz. Sempre tinha aquilo que me dizia “Está errado, o que tu está fazendo não está certo”.          A própria terra me dizia, e eu tinha vontade de sair, de abandonar tudo. Mas depois, quando eu comecei a trabalhar de outra forma, não. Agora sim... somos parceiros e eu quero ficar cada vez mais, embora a música tenha feito eu sair bastante, talvez em 2013 mais, cada vez mais. Mas sempre sabendo que eu vou voltar. Por isso que eu quero doar essa casa para ser uma casa de cultura. Porque eu sempre quis trabalhar com cultura, sempre quis ter uma oportunidade dentro da cultura para mexer com música ou qualquer expressão artística, e nunca tinha. O que tinha era em Pelotas. Então, como essa casa é bem grande e precisa de um restauro, eu quero encaixar ela num projeto para ser uma casa de cultura. É uma casa que se adapta perfeitamente a isso. E, dessa forma, eu acho que não me prenderia tanto porque teria mais pessoas e mais movimento o tempo todo, principalmente em épocas fora de temporada. Mas, hoje, sair daqui eu não pretendo. Quero morar um pouquinho mais pra cima, construir uma casa menor de barro.

TSA - Qual é a mensagem do Templo?
MARCO - As mensagens não são só do Templo. A gente tem um slogan do que é assim: “Que todo lugar seja um templo em que possamos viver e amar profundamente”. Então é fazer de cada lugar em que estamos um templo. É construir aqui um templo. Mas a gente pode construir esse templo em qualquer lugar que a gente for. Então a maior mensagem é essa. O templo somos nós que fazemos. Nós que respeitamos os espaços. Nós que criamos esse templo dentro de nós. E o templo com essa conotação de respeito mesmo. Quando se vai numa igreja, se vai respeitoso... não vai fumar numa igreja, não vai beber numa igreja. E é isso mesmo... chegar nos lugares com respeito. Essa é a principal mensagem. Mas hoje, com essa mensagem é claro, a gente acabou aprendendo outras coisas, naturalmente isso engloba o ser integral. Quando se aprende a viver e a amar intensamente, profundamente, as coisas vão clareando. Hoje, o objetivo do Templo das Águas é resgatar no ser humano essa ancestralidade de respeitar a natureza e o nosso grande foco é mostrar que existe outra forma de se alimentar, igualmente saborosa e que não é preciso cozinhar os alimentos. A gente já vive um pouco dessa realidade. Quando vem o pessoal, nós fazemos também algumas comidas cozidas ainda, mas a ideia é criar um ritmo de cozinha em que não se cozinha. Só utilizando os elementos da natureza para alimentação. A gente já tem experimentado e já estamos sentindo um efeito muito legal no organismo. Tu entra no ritmo da natureza. Ela oferece tantas coisas para comer que a gente acaba não experimentando e não despertando esse novo paladar. Essa é uma das coisas, quando servimos algo, a gente usa algum prato com os alimentos vivos para mostrar para as pessoas que não é tão ruim assim e que pode ser até surpreendente para o paladar.

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Na próxima sexta-feira, 11, Gottinari desenvolverá a oficina Ourum – o contador de histórias com as crianças do projeto Jornaleco na Trilha da Sanga, no bairro Santa Terezinha. As atividades terão início às 09h30min na sede do Terezinha Futebol Clube (rua Santo Antônio, 86). Ao meio dia será servido o almoço para as crianças e às 13h sairá o ônibus rumo ao Templo das Águas. A volta está prevista para as 19h.

8 de janeiro de 2013

Começou o "Jornaleco na Trilha da Sanga"

A nova proposta do TSA começou suas atividades hoje no bairro Santa Terezinha: o Jornaleco na Trilha da Sanga. A partir do trabalho de reforço escolar já desenvolvido na comunidade do bairro, o TSA, juntamente com a jornalista e educadora ambiental Krischna Duarte, desenvolverão durante os próximos três meses o projeto Jornaleco com um grupo de 24 crianças. O produto final será um conjunto de vídeos que tratarão do tema "meio ambiente", mas, além disso, será a realização de um trabalho intenso de educação ambiental voltado às necessidades da Sanga do bairro Três Vendas. Antes do início das atividades o TSA conversou com a idealizadora do Jornaleco, Krischna Duarte, para saber mais sobre essa proposta.

TSA- De onde surgiu teu interesse em educação ambiental?
KRISCHNA - Sempre tive essa relação muito próxima com a natureza, sempre gostei muito de estar no meio do mato, de ter uma vida mais saudável... no sentido de me alimentar de uma forma natural, de gostar muito de bichos, de gostar muito de pessoas. Isso foi algo que sempre me acompanhou, desde muito nova. Depois, quando entrei na faculdade de Jornalismo, um dos primeiros contatos que tive com a prática profissional foi na Embrapa. Lá eu comecei a trabalhar com Jornalismo Rural e existe uma proximidade muito grande entre o Jornalismo Ambiental e o Jornalismo Rural, eles se mesclam porque não existem muitas teorias, nem muitas práticas a respeito do jornalismo ambiental, pois esta é uma área do conhecimento relativamente nova. Como estes dois segmentos tratam do ambiente, acabam se mesclando. Então comecei a despertar o interesse por trazer esse gosto que eu tinha da vida pessoal, para o profissional. Pensando nisso tive a vontade de trabalhar com Jornalismo Ambiental, depois de trabalhar por quase quatro anos no Jornalismo Rural me apaixonando por tudo isso. A dinâmica do Jornalismo Ambiental e Rural é outra comparada ao Jornalismo comercial, do qual eu vinha. E isso me encantou. Fez com que eu percebesse que podia fazer o jornalismo de outra forma, de uma maneira muito mais autêntica, muito menos engessada. E aí, apaixonada por esta forma de trabalhar, decidi fazer o mestrado em jornalismo ambiental. Todavia eu teria que ir até são Paulo para cursar o mestrado, num momento em que questões familiares me prendiam á pelotas. Então eu resolvi fazer uma cadeira na Educação Ambiental da FURG, para me aproximar mais dessa linha teórica e ver se, de fato, era isso que me interessava e acabei me apaixonando pela educação e percebendo que não existe comunicação sem educação e nem educação que aconteça fora do contexto comunicativo.



À esquerda, a idealizadora do Jornaleco, Krischna Duarte, em conversa com a equipe do TSA.







TSA- Porque resolveste trabalhar com crianças? Essa ideia surgiu no mestrado?
KRISCHNA – A minha ideia para trabalhar com crianças surgiu de várias coisas: primeiro, estudando a teoria do Piaget eu descobri que essas crianças que têm entre 8 e 12 anos de idade estão numa fase do desenvolvimento que é o período operatório concreto, quer dizer, elas conseguem fazer abstrações do real, e realizar operações mentais a partir daquilo que elas compreendem de seu ambiente e, a partir disso, devolver esta ação de forma concreta; o que me chamou mais atenção nisso é uma operação chamada reversibilidade operatória. A partir dos 8 até os 12 anos de idade as crianças conseguem entender que se praticarem uma ação, elas podem realizar essa mesma ação no sentido inverso e isso, até então, não era concebido pela criança. Por exemplo, se eu posso colocar lixo no ambiente, posso retirá-lo também, fazendo a ação inversa.

TSA– Qual foi a tua primeira ideia a respeito do Jornaleco?
KRISCHNA - No início eu pensei em fazer um jornal impresso, muito mais pela facilidade de produção dele comparado ao produto audiovisual. Eu sempre trabalhei com o audiovisual então eu sabia que seria muito mais complicado, que envolveria muito mais etapas. E, a princípio, minha ideia era de que eu fizesse esse jornalzinho num âmbito local. eu queria trazer elementos da cultura e do ambiente do nosso estado para esta publicação e distribuir este material nas escolas; fazendo com que as crianças valorizassem o seu contexto de vida; aliás; este é um dos pilares da educação ambiental: compreensão do global para atuação local e atuação local para a compreensão do global. Eu pensava que o Jornaleco era algo que eu só ia conseguir me dedicar depois que eu já estivesse aposentada. Era algo muito distante, porque me faria muito feliz, porque era um sonho. A gente acaba fazendo esse tipo de coisa, achando que só vamos conseguir concretizar aquilo que é sonho daqui a muito tempo.

TSA– E como isso se desenvolveu até chegar no formato em que o Jornaleco se apresenta hoje? 
KRISCHNA - Foi quando entrei no Mestrado. Eu entrei com outro projeto, com a proposta de fazer análise de discurso nos diários locais, Zero Hora e Diário Popular, a respeito do plantio de eucalipto. Fiquei, acho que durante um semestre, nutrindo esse projeto, mas sabendo que, de fato, não era aquilo. Acabei mudando o projeto duas ou três vezes até que um dia, conversando com o meu orientador, o professor Alfredo Martin, professor de Psicologia da graduação e do programa de pós-graduação em Educação Ambiental na FURG, falei para sobre o Jornaleco e ele disse “Eu acho que está na hora de tirar isso da gaveta”. E então apostei nisso, só que naquele formato do jornalzinho. Aí ele me disse ”Porque, se tu trabalhas com audiovisual há quase 10 anos, vais fazer um trabalho com jornal impresso?”. Ele tinha razão. A partir daí comecei a aproximar a ideia do jornaleco ao formato que ele tem hoje. Um dos aspectos mais importante que mudou no Jornaleco durante este processo é o fato de que percebi a importância de envolver as crianças no processo de produção ao invés de entregar algo pronto a elas. O interessante era fazer as pessoas se apropriarem dessas ferramentas e poderem comunicar aquilo que elas queriam. Aí eu decidi que era esse o formato do Jornaleco.

TSA- Qual é o objetivo do Jornaleco? 
KRISCHNA - Eu tenho uma pegada muito forte contra a manipulação midiática. Sinto como se eu tivesse assumido a posição de, de alguma forma, subverter essa lógica. Eu entendo que muito daquilo que a gente vive, é moldado pelos meios de comunicação de massa. Existem dados do Ibope que mostram que as crianças passam de quatro horas e meia a cinco horas por dia na frente da televisão, mais tempo do que elas passam na escola. Isso é complicado. Como é que os educadores podem competir com essa questão? Ao mesmo tempo em que a televisão e a internet e todos esses recursos tecnológicos estão tão próximos das crianças, como é que os educadores - que às vezes não têm uma televisão em sala de aula, nada de recurso material e não têm uma formação continuada que seja interessante para que eles possam se apropriar disso – vão, de certa forma, competir com esta realidade? Acredito que o interessante não é deixar a televisão do lado de fora da sala de aula e estudar os conteúdos programáticos da disciplina. Se as crianças estão discutindo sobre televisão, vamos trazer esses assuntos, porque isso é parte do cotidiano deles. Vamos ensinar a partir da demanda que eles trazem. Isso é muito interessante. Então, a minha ideia com o Jornaleco era trabalhar essa questão, a influência midiática na subjetividade infantil. Percebi que envolver essas crianças com o projeto era outro caminho a ser seguido. Era um espaço no qual podia se criar todo um sistema lógico dos grupos, em que eles produzissem suas próprias subjetividades e não mais consumissem aquelas subjetividades que vêm através da televisão. Seria um espaço para que eles falassem das suas necessidades, daquilo que eles queriam comunicar. E isso se amplia no espectro em que o programa, depois de todo esse processo de produção, vai ser veiculado na televisão e vai atingir outras crianças, que vão ter alternativas a essa formação de subjetividades de coisas prontas e modeladas ao assistirem esse outro grupo que fala de coisas muito verdadeiras que são o cotidiano. Então a proposta do jornaleco é questionar a forma de se vestir, a alimentação, a forma de lidar com o outro... todas essas coisas que, de certa forma, a gente não tem tempo para perceber. A ideia maior é estimular a criticidade das crianças a respeito disso. A questão essencial era essa: desenvolver a capacidade crítica dessas crianças para que elas pudessem questionar essas verdades absolutas que são passadas através da mídia. Dentro dessa linha de raciocínio, era muito interessante que as crianças se envolvessem e percebessem que elas podem criar o audiovisual da maneira que elas querem e que tudo são escolhas. Aí eles começam a questionar as coisas. E isso é algo que pude comprovar com o grupo que eu já estou trabalhando há mais tempo, desde o final de 2010. Eles estão super críticos, não só em relação a televisão, mas em relação a tudo aquilo que vem pronto pra eles. Eles questionam mais. E isso é super interessante. Tem uma frase do Guattari, que um teórico que eu utilizo bastante em minhas pesquisas, que diz que “Toda forma de resistência é uma forma de revolução”. Então se eu puder de alguma forma, implantar um pequeno espaço, um pequeno grupo de resistência a essas coisas, ali fervilha um espaço para revolução, para a gente subverter essas lógicas todas. E eu sei que o Jornaleco ainda é um projeto muito pequeno, mas ele tem ganhado mais visibilidade e é um projeto que só tem a crescer e é, com certeza, um produto de revolução cultural muito forte que eu espero poder ver crescer e atingir muita gente.

TSA- Como foi o processo de início das práticas da tua primeira experiência com o projeto? Como se deu a receptividade das crianças?
KRISCHNA - Quando eu comecei essas oficinas, as crianças, claro, ficaram super animadas porque elas sabiam que iam fazer um programa de televisão. Mas elas, em parte, não acreditavam que isso podia ser possível. Elas diziam “Mas vai passar na TV? Onde? Eu quero ver!”. Então elas ficavam meio receosas a respeito disso, mas foram muito receptivas. Como toda criança, são bagunceiras, então tinha que chamar atenção e ficar trazendo de volta para o coletivo. A gente desenvolveu um laço afetivo muito forte, e é interessante ver o crescimento deles. Dá para ver que de uma edição pra outra eles vão crescendo e o desenvolvimento deles está ali, junto com o desenvolvimento do Jornaleco, documentado. Então a cada programa é algo diferente porque a subjetividade deles vai mudando, a maturidade deles vai aumentando e o tamanho deles também, então é muito legal.



1º bloco da primeira edição do Jornaleco.



TSA - O que o Jornaleco acrescenta na tua vida profissional?
KRISCHNA - O jornaleco é a concretização de um sonho. É o atestado do meu comprometimento com a criação do novo. Isso é algo que está muito presente no meu estudo. O que eu queria com Jornaleco? Sair dessa cancela, ir além disso e fazer com que outras pessoas também pudessem enxergar além disso. O desvelamento crítico da realidade é algo que deveria ser feito de toda forma, em todo momento e em todos os lugares no sentido de tirar esse véu que dissimula as coisas e poder enxergar a realidade como ela é. É um compromisso que eu assumo, isso é algo muito pontual e eu estou comprometida, de alguma forma, com a subversão desta lógica rumo à criação do novo. E o jornaleco é o primeiro passo para eu assumir esse compromisso de luta social, de desvelamento crítico da realidade... de estimular nas pessoas esse olhar que ainda não foi estimulado. Quero poder daqui um tempo olhar pra trás e ver que o Jornaleco cresceu muito.

TSA - Qual é o futuro do Jornaleco?
KRISCHNA - Os próximos passos são formar facilitadores e realizar essa oficina com os educadores para que cada educador possa realizar na sua escola as oficinas do Jornaleco. É a forma que eu vejo de fazer o projeto se expandir e funcionar da maneira que eu imagino que possa ser, e crescer. A ideia é que eu possa ir largando, porque o projeto não é meu... o projeto é nosso. O Jornaleco é de quem puder se beneficiar por ele. Então, em benefício de todos os seres eu quero que, algum dia, vários educadores possam estar trabalhando com isso. Quero poder ajudar essas pessoas e lidar mais com essa questão direta, de pegar o que cada um produziu nas escolas e colocar no Jornaleco, e fazer trocas, ver o que cada um está fazendo, mas largar mão, não prender... eu não tenho posse sobre o Jornaleco. É algo que eu criei, mas eu criei sempre pensando no outro, então quero que isso seja dessa forma.



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O início das oficinas do Jornaleco na Trilha da Sanga foi hoje, dia 8 de janeiro. Para saber mais sobre o projeto acompanhe as próximas publicações no blog do TSA!


Ilustrações: Lauro Cirne