18 de fevereiro de 2013

Consumo: quem deve responder por ele?

Desde a década de 90 os problemas socioambientais têm sido pensados no aspecto do consumo e não somente da produção. Segundo Scotto, Carvalho e Guimarães*, o ato de consumir passou a ser visto como algo que necessita de controle através da educação. Porém, uma questão que surge nas diversas reflexões acerca dessa temática é: quem deve reduzir esse consumo?
Ao ligarmos a televisão, logo cedo, nos deparamos com propagandas que instigam o ato de consumir: Compre uma geladeira nova! Compre uma TV maior! Compre um carro mais veloz! Quem deve reduzir o consumo? A população que se sente atraída pelas ofertas do mercado? O mercado que utiliza dos meios de comunicação para atingir a massa com suas ofertas imperdíveis? Ou os meios de comunicação que veiculam e legitimam o estilo de vida consumista?
Sabemos que a mídia vive de publicidade e que o mercado precisa vender para movimentar a economia, que anda bem quando as pessoas compram. E a população? E nós? Por que compramos? André Trigueiro, em Mundo Sutentável**, levanta uma questão chave "Será que não temos informações demasiadas e distorcidas sobre a qualidade de vida? A atração pelo consumo, intrínseca ao nosso modelo de desenvolvimento, não forma um gradiente para tal êxodo e para a falsa ideia de melhoria de vida?".

Consumo Consciente

Juntamente com a ideia de um padrão social de vida consumista, aparecem os conceitos de consumo consciente. O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente elegeu 12 princípios para o consumo de forma sustentável. Entre os princípios, que podem ser acessados clicando aqui, estão a reutilização de produtos e embalagens e a consciência e valorização das práticas sustentáveis praticadas pelas empresas. Mas essas dicas chegam à toda população? Quem você acha que menos se preocupa com o consusmismo? De acordo com as estatísticas levantadas pelo Akatu, entre os consumidores conscientes, 52% pertencem as classes C e D e 37% só têm o ensino fundamental.
Para a socióloga Lisa Gunn***, o problema está no fato de que “Ainda há uma dificuldade em relacionar os problemas sociais e ambientais aos nossos hábitos cotidianos. Não associamos a destruição da floresta com a madeira que compramos para construção ou em móveis. Não pensamos nas mudanças climáticas quando ligamos nossos carros. Quando compramos uma roupa, não pensamos nos agrotóxicos usados na plantação de algodão ou no trabalho escravo encontrado nas fazendas”.
E você, pensa em todas essas questões antes de consumir? Quem você acha que deve preocupar-se com o padrão de consumo em que nossa sociedade está inserida hoje? A responsabilidade é de quem?


Por Eduarda Schneider Lemes
Estagiária de Jornalismo do TSA
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* Gabriela Scotto, Isabel Cristina Carvalho e Leandro Guimarães, autores do livro Desenvolvimento Sustentável, da Editora Vozes. 5ª ed., Petrópolis - RJ, 2010.
** André Trigueiro, autor de Mundo Sustentável, p.109. Editora Globo, São Paulo, 2005.
*** Citação de texto da socióloga Lisa Gunn, retirada do livro Mundo Sustentável, p.39.

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